Projeto “Dissecting Fear”

Perante uma situação que interpretamos como sendo de perigo, todo o nosso corpo se coloca em estado de alerta.

  • Aumentam os batimentos cardíacos e o ritmo respiratório
  • Sobe a tensão arterial
  • A pele fica pálida e a boca seca
  • As pupilas dilatam
  • Surgem os suores frios…

É através desta reação fisiológica, emocional e intuitiva – o medo – que nos preparamos para lutar ou fugir, reagindo assim ao perigo.

Como estruturas centrais deste circuito encontramos as amígdalas cerebrais. Duas massas arredondadas (em forma de amêndoa), situadas uma em cada hemisfério cerebral.

Constituídas por grupos de neurónios, e fortemente conectadas a diferentes áreas do cérebro, elas recebem os estímulos, interpretam-nos e desencadeiam a resposta do organismo de forma rápida, automática e inconsciente.

Este “medo saudável” funciona como mecanismo de proteção, e garante a sobrevivência do indivíduo/espécie.

Contudo, quando o medo é excessivo, desadequado ou desproporcional em relação ao estímulo, torna-se patológico.

O corpo reage a estímulos que, não sendo perigosos, são entendidos como tal, causando stress e ansiedade constante.

“Dissecting Fear”Série #1

O colar

Foi esta dicotomia entre o funcionamento normal e harmonioso (que protege), e o funcionamento exacerbado (que aprisiona, prende e paralisa), que me serviu de ponto de partida para o desenvolvimento desta peça.

A colocação diferenciada do fio, na metade direita e esquerda do colar, e o diálogo silencioso que este estabelece com o pendente em prata (ora envolvendo e abraçando a estrutura ora repuxando-a e deformando-a), reflete esta visão.

Na textura e na cor destes dois volumes, assimétricos, que compõem o pendente, podem ver-se materializadas estruturas e substâncias (como neurónios, neurotransmissores e hormonas) que integram este mecanismo.

A narrativa completa-se quando o colar se revela, por fim, sobre um corpo…

O seu centro encontra-se estrategicamente colocado sobre o peito, local onde habitam o coração e os pulmões, dois importantes órgãos implicados no mecanismo do medo.

“Dissecting fear” – Série #2

Os brincos

Colocados um a cada lado da cabeça (como as amígdalas cerebrais), e intimamente relacionados com o ouvido, centro do equilíbrio.

É também deste equilíbrio que necessitamos quando se trata de medo.

Há medo que envolve. E que, como uma vedação, protege.

Medo benéfico, necessário e saudável.

A este opõe-se o medo que limita e prejudica, que encontramos quando falha esta “cerca protetora”.

E quando o medo não nos protege, como nos protegemos nós do medo?…

Projeto desenvolvido no âmbito da

1ª Bienal Internacional de Joalharia Contemporânea de Lisboa, sob o tema “Suor frio: Corpo, Medo, Proteção”

Jewellery Room/PIN

Curadoria: Marta Costa Reis

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