A primeira vez que ouvi falar do Corian® foi no âmbito de um projeto pessoal. O que me foi dito sobre as suas características deixou-me curiosa (e entusiasmada).
O facto desta pedra acrílica ser utilizada em projetos de arquitetura (diz-se ser um material de referência para arquitetos e designers) fez-me pensar, de imediato, que daí deveriam resultar / sobrar pequenas porções de material “novo”… E que talvez eu pudesse utilizá-las nas minhas peças de joalharia. Fui investigar.
Começando por contextualizar, existem várias marcas de pedra acrílica no mercado. As pedras diferenciam-se entre si, essencialmente, pela composição e características que apresentam (para além de outros fatores). Esta, em particular, é composta por 1/3 de resina acrílica, 2/3 de minerais naturais (hidróxido de alumínio) e pigmento.
O material surgiu em 1963 pelas mãos de Don Slocum e George Mann, cientistas da Dupont®, que criaram a primeira fórmula desta pedra acrílica. Em 1967 teve início a sua comercialização como Corian®, e desde aí o material não parou de evoluir.
- É um material sólido, maciço e homogéneo, que não descasca.
- Ao contrário das pedras naturais, não é poroso. Esta característica, para além de tornar o material impermeável, faz com que seja difícil que acumule resíduos e sujidade, reduzindo assim as hipóteses de poder manchar. No entanto, e nos casos em que se torne necessário, poderá ser limpo usando apenas uma esponja e um detergente doméstico suave.
- Por não ter poros, a sua superfície lisa torna-o num material higiénico, que evita o desenvolvimento de bactérias e fungos.
- E porque não é afetado pela radiação ultravioleta (não fica amarelado) é ótimo para ser usado em ambientes exteriores, ao ar livre.
- A pedra não é fria, tem uma temperatura agradável ao toque.
- É um material com uma grande durabilidade e resistência. Aconselha-se, no entanto, cuidado para não o expor a situações que lhe possam causar desgaste ou riscos.
- É sensível a alguns produtos químicos, como a acetona e certos solventes e deforma-se em locais muito quentes.
- Marcas leves na sua superfície podem ser facilmente reparadas, usando o lado ligeiramente abrasivo de uma esponja comum de limpeza, ou uma lixa fina (nos casos de acabamento fosco). Os danos mais profundos (ou nos casos de acabamento polido) necessitam de tratamento profissional.
- É um material ambientalmente correto (parte da sua composição provém de matéria-prima reciclada, e é manufaturado de forma a diminuir o desperdício e consumo de energia em todos os estágios do processo de produção).
- É inerte. Não é tóxico. Não contamina a água, o ar nem o solo. Evita a extração natural de mármores e granitos.
Por tudo isto, e depois de contactar com o material propriamente dito, não houve dúvidas. Havia ali um potencial, para explorar.
O passo seguinte foi (obviamente…) utilizar material excedente para fazer testes. O resultado agradou-me, e decidi adicioná-lo à lista de materiais que utilizo para criar peças de joalharia, juntamente com a prata.
E foi nessa altura que começou realmente o desafio.
Na fase preparatória incluo a prospeção (a procura por excedentes de pedra acrílica), e a recolha de informação sobre o material. Cada material tem as suas peculiaridades. As suas características. As suas “regras”. Conhecê-las torna-se fundamental, e é a base para o poder começar a trabalhar. E porque a curiosidade é constante, esta pesquisa também o é (acho que nunca termina). Cada novo projeto é uma oportunidade para explorar os seus limites.
Segue-se a fase de experimentação. Gosto de trabalhar o material utilizando diferentes ferramentas, e recorrendo a diferentes técnicas. Nem sempre funciona. Nem sempre corre (tão) bem, e às vezes são dias, semanas (ou meses) à espera de uma solução.

Depois desta etapa definida (ferramentas e técnicas), o objetivo é ir aperfeiçoando e aprimorando os resultados.


Por fim, testar os meus designs.
Assim nasceu “Directions”, a minha primeira série de peças de joalharia que une a pedra acrílica com a prata. A prata foi trabalhada utilizando 4 técnicas diferentes para obter as texturas. Na pedra acrílica foi mantida a estrutura compacta original. Foi explorada a forma, recorrendo a linhas ora curvas ora retas. Pretendia-se encontrar formas alternativas de (co)existência destes dois materiais, que resultasse numa peça una.
O resultado? Veja na nossa loja online. Cinco peças. Cinco abordagens diferentes.
Qual é a sua preferida?
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